Ó Deus, enviai-nos loucos: os que se esquecem, os que se comprometem a fundo, os que amam além das palavras, os que se entregam verdadeiramente até o fim. Precisamos de loucos, de ilógicos, de apaixonados, dos que sejam capazes de se atirar na insegurança, no desconhecido cada mais medonho da pobreza, dos que aceitem perder-se na massa anônima, sem nenhum desejo de fazer disso um pedestal, e dos que não utilizem as superioridades que adquiriram, senão a seu serviço. O salto nem sempre consiste em romper com o meio ou com o nível de vida, mas em uma ruptura muito mais profunda consigo mesmo, com o eu ainda egocêntrico que até então havia tudo dominado.
Precisamos hoje de loucos que prefiram um estilo de vida simples, libertadores eficientes do proletariado, amantes da paz, puros sem compromissos, decididos a nunca trair, desprezando sua própria vida, resolvidos à abnegação em plenitude, capazes de aceitar qualquer trabalho, de ir para qualquer lugar, por disciplina, ao mesmo tempo livres e obedientes, espontâneos e tenazes, doces e fortes.
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